"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

DEUSA MACHA, A RAINHA E A GUERREIRA, A MULHER DE PODER

A DEUSA MACHA

A Deusa Macha foi adorada na Irlanda mesmo antes da chegada dos celtas. Ela é uma Deusa Tríplice associada com Morrigan a deusa da guerra e da morte. É ligada também a Dana no aspecto de fertilidade da mulher. Seu pai era o "Aed, o vermelho" e sua mãe era Ernmas (druida feminina).

Há diversas lendas que convergem à Deusa Macha. Às vezes ela aparece como sendo pertencente à raça de Thuatha De Danann, mas em outras surge como uma rainha mortal. Portanto, é normal a confusão à respeito do que realmente ela é.
Macha foi esposa de Nemed e consorte de Nuada; chamada de "Mulher do Sol". Ancestral do Galho Vermelho, é a Rainha da Irlanda, filha de Ernmas e neta de Net. Seu corpo é o de um atleta e seus símbolos são o cavalo e o corvo.
Macha está presente no "Livro das Invasões" quanto nas lendas do Ciclo de Ulster. Esta deusa é uma deidade tipicamente celta, pois em dado momento ela parece ser suave e generosa, para em outro transformar-se em terrível mulher guerreira.



Em algumas fontes, Macha é citada como uma das três faces de Morrighan, a maravilhosa deusa da guerra, da morte e da sensualidade. No "Livro das Invasões", a seguinte frase descreve esta triplicidade;

"Badbh e Macha, grandes poderes. Morrighan que espalha confusão, Guardiãs da Morte pela espada, Nobre filhas de Ernmas."

Nesse contexto, Macha é retratada como uma mulher alta e destacada, vestindo uma túnica vermelha e cabelos castanho-amarelados.

Estas três deusas esconderam o desembarque dos Thuatha de Dannan na Irlanda no início dos tempos. Elas fizeram o ar jorrar sangue e fogo sobre oa Fir Bolgs, aqueles que inicialmente se opuseram contra os Thuatha, e depois os forçaram a abrigá-los por três dias e três noites.


No "Livro Amarelo de Lecan", Macha é glosada como "um corvo, a terceira Morrighan".

Mas quem são as três Morrighan?

São:

Nemain - "frenesi", a que confunde as vítimas e espalha medo;

Morrighan - "Grande Rainha", a qual planeja o ataque e incita à valentia;

Macha - o corvo que se alimenta dos cadáveres em combate. Está também associada a troféus de batalha sangrentos, como as cabeças recolhidas dos inimigos, chamadas de "a Colheita de Macha". Esta sua ligação com a arte da batalha é reforçada nome das Mesred machae, os pilares das fortalezas, onde as cabeças dos guerreiros derrotados eram empaladas.



Macha é também a deusa que guia às almas ao além-mundo. Ela vive na terra dos mortos à oeste. Antes de sua ligação com à morte, ela representava a quintessência das fadas. É igualmente considerada uma Deusa da água semelhante a Rhiannon e Protetora dos Eqüinos como Epona. Está ainda, associada à Deusa do parto, especialmente se este for de gêmeos.

A MALDIÇÃO DE MACHA


Macha, segundo conta uma das lendas, é uma Deusa que preferiu viver entre os mortais. Teve como seu primeiro marido o líder Nemed, que morreu em uma batalha, narrada no "Leabhar Gabhála" (O Livro das Conquistas),
Macha governou a Irlanda por um bom tempo sozinha, até unir-se ao seu segundo marido Cimbaeth, que foi quem construiu o forte real de "Emain Macha".

Mas foi com seu terceiro marido, Crunniuc que surgiu a lenda de sua maldição. A história inicia-se quando Crunniuc, um fazendeiro de Ulster fica viúvo e deseja uma nova esposa. Macha, uma senhora misteriosa, entra em sua casa, organiza seu lar, dá ordens aos seus criados, fazendo tudo para agradá-lo. À noite faz amor com ele, convertendo-se desta forma sua esposa.

Como Deusa protetora dos eqüinos e apaixonada por seu marido, ela multiplicou-os de maneira assombrosa e passava as manhãs correndo e competindo com eles pelos prados. Neste período, Crunniuc prosperou como nunca, e recebeu o reconhecimento dos outros nobres da região. Aparentemente, a mulher, cujo nome ela o instruíra a jamais perguntar, trouxera-lhe boa fortuna. E, logo em seguida Macha fica grávida.

Chegou então a época em que, Crunniuc deveria assistir a um Festival Anual, dos quais todo mundo participava. Macha havia lhe pedido para não ir, advertindo-lhe que se falasse dela atrairia desgraça para os dois. Crunniuc não desistiu, entretanto prometera não dizer uma só palavra sobre seu relacionamento.
O próprio rei de Ulster, Conchobar, presidia os festejos. Num certo momento, para agradá-lo, alguém fez elogios aos seus cavalos, garantindo que não havia outros mais velozes em todo o mundo. Crunniuc, não conseguindo conter-se, afirmou que sua mulher corria mais rápido do que qualquer quadrúpede.
O rei com raiva mandou prendê-lo e exigiu uma comprovação de tais palavras. Sendo assim, forçam Macha a comparecer ao festival para competir com os cavalos do rei sob pena de matarem seu marido se ela resistisse. Ela protestou e apelou pedindo então que pelo menos o rei aguardasse o término de sua gestação para que tal feito fosse realizado.

Lembrou-lhes que todos tinham mãe e perguntou-lhes o que sentiriam se obrigassem a cada uma delas a uma prova semelhante em estado tão avançado de gravidez. Mas de nada adiantou seus lamentos, pois a maioria dos homens devido ao excesso de álcool lhes parecia muito atrativo aquele perigoso desafio.
Macha, não teve outro remédio a não ser aceitar a tal corrida. Trouxeram então os cavalos e teve início a competição, que teve um fim muito breve, pois ela alcançou a chegada rapidamente com uma vantagem folgada.

No entanto, no final, caiu ao solo gritando de dor e naquele mesmo instante deu à luz gêmeos. Neste instante todos se deram conta do que haviam feito, mas foram incapazes de moverem-se para ajudá-la. Foi quando ergue-se e anunciou que ela era a Macha e que seu nome seria conhecido para sempre naquele lugar e amaldiçoou todo o povo do Ulster, porque a piedade jamais morou no coração daqueles homens. A partir daquele dia, a vergonha e a desonra que lhe haviam provocado voltariam à eles multiplicadas e toda a vez que seu reino estivesse em perigo se sentiriam tão fracos como uma mulher ao dar à luz.

E assim a maldição se cumpriu. Somente as mulheres, as crianças e o Herói Cuchulainn, filho de Lug, o único imune à maldição, ficaram a salvo das palavras de Macha, que deveriam durar nove gerações.

Esta lenda surgiu na época em que o patriarcado começava a suplantar o matriarcado. Marcha , através deste mito nos mostra que era suprema, mágica e hábil, mas o mito indica que mesmo com todos estes atributos o Rei pode forçá-la a correr, demonstrando que a posição feminina já não era mais tão superior dentro da sociedade.
O período de fragilidade imposta pela Deusa, só nos faz entender que o conhecimento feminino pode enfraquecer os homens. Este período imposto pela Deusa, como forma de castigo, seria equivalente ao período menstrual de todas as mulheres.

Macha é símbolo da Soberania da Terra. Desrespeitar a Terra é desrespeitar a Natureza Criadora de toda a Vida.

Tamanho poder desta Deusa pode ser atestado pelo pequeno ritual que ela praticava ao deitar-se com Crunniuc. Ela antes, caminhava em círculo no sentido horário ao redor do quarto para afastar qualquer mal. A Rainha Maeve também, antes de qualquer batalha, realizava um movimento circular no sentido horário para proteger-se dos maus augúrios.

Esta prática mágica é realizada em diversas tradições pagãs. Inclusive em algumas capelas cristãs e nascentes sagradas, devem ser primeiro circuladas para depois se obter o direito ao ingresso.


MEDITANDO COM MACHA




Macha chega até nossas vidas para nos afirmar que todas as mulheres são Deusas. Todas nós somos pequenos pedaços de um grande ser: a Grande-Mãe. Ela, nas suas várias formas de manifestação, é o símbolo principal da própria representação do inconsciente. Uma boa parte deste planeta já busca o resgate desta sabedoria. Não estamos descobrindo nada novo, mas sim simplesmente revelando o que já se é.

Quando nos afastamos do sagrado, acabamos fatalmente relegando à um segundo plano à paz, o amor e a alegria. Quando nos esquecemos que a vida é sagrada, nós perdemos a conexão com a força planetária da vida e ficamos à sombra da nossa verdadeira natureza.

Esta meditação lhe fará recordar a Deusa que existe em você.

Procure um lugar reservado em sua casa, onde não possa ser incomodada. Se for ao ar livre tanto melhor. Fique em pé com a coluna ereta e mantenha os olhos fechados. Inspire profundamente e expire esvaziando a mente de qualquer pensamento. Inale o ar pelas narinas e solte-o pela boca entreaberta liberando um som, tipo hhuumm...... Agora respire procurando encher completamente a barriga e os pulmões e expire profundamente. Vá aumentando a respiração constante e solte-se. Agora chame Macha por três vezes. Ela surgirá linda, com um sorriso nos lábios correndo com seus cavalos. Perguntará então a você se deseja cavalgar com ela. Responda que sim e monte em dos seus cavalos. Sentirá o doce balanço de seu cavalgar. Atravessarão florestas, córregos, montanhas e em uma certa clareira pararão. Macha sentará embaixo de uma frondosa árvore e você se posicionará ao seu lado.


Sinta a essência da Deusa. Um sentimento de força e sabedoria emanará dela para você. Permita que estas qualidades sejam absorvidas. Olhe então a sua volta e sinta o lugar. Há sons e cheiros associados a ele? Que energia o local lhe passa? Neste instante Macha lhe dará um presente. Abra-o. É um coração que reluz como ouro. Abrace-a para agradecer, você sentirá então sua respiração junto a sua, até notar que agora as respirações tornaram-se única. A Deusa e seu coração estão dentro de você. É hora de retornar. Suba em seu cavalo que ele lhe levará ao lugar em que se encontrava antes. Visualize-se em pé e inspire profundamente até encher a barriga e os pulmões e expire pela boca. Quando achar que estiver pronta abra os olhos e diga:


A Deusa está viva!
A Deusa está viva!
A Deusa está viva!


Seja bem-vinda.

Texto pesquisado e desenvolvido por
Rosane Volpatto ( a quem muito agradeço)
IN:
http://www.rosanevolpatto.trd.br/deusamacha.htm

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